sábado, 5 de fevereiro de 2011

Internet: Mais de duas em cada cinco crianças com computador nunca foi aconselhada sobre segurança

Lisboa, 04 fev (Lusa) -- Quase metade das crianças portuguesas que têm acesso à Internet nunca receberam qualquer tipo de aconselhamento sobre a sua utilização segura, revela o resultado de um inquérito sobre mediações dos usos da Internet.

Estes dados foram divulgados hoje, no âmbito de um estudo feito pelo EUKids Online, apresentado na Universidade Nova de Lisboa (UNL).

Segundo o investigador José Alberto Simões, da UNL, no que respeita ao aconselhamento aos jovens sobre a forma de utilização da Internet, são os pais e outros familiares que aparecem destacados neste papel. Contudo, "um número muito significativo - 42 por cento - nunca recebeu qualquer tipo de aconselhamento por ninguém", afirmou. O estudo revela que, relativamente à forma como a mediação é feita, a maioria dos educadores fala com os filhos sobre a utilização da Internet (83 por cento), mas "a que seria mais interventiva - fazer actividades com os filhos - é a menos comum" (43%).

Apenas metade dos pais está por perto quando os filhos estão no computador e só quatro em cada dez é que se sentam ao pé deles nessas alturas. No âmbito da mediação"activa" (em que há um envolvimento direto dos educadores), esta intervenção passa na grande maioria dos casos por explicar que há sites bons e maus (72%). No entanto, esta participação baixa consideravelmente quando se trata de perguntar ao filho se algo na Internet o incomodou (48 por cento) e mais ainda quando se trata de ajudar a criança com alguma coisa que a tenha incomodado (23%). O estudo revela ainda que as medidas restritivas apresentadas pelos adultos prendem-se, por ordem de importância, com dar informações a estranhos, fazer 'uploads' para partilhar com outros, fazer 'downloads' de músicas ou filmes, publicar o perfil numa rede social, ver vídeos na Internet e usar o correio eletrónico ou o Messenger.

Os pais verificam em primeiro lugar os sites visitados pelos filhos, o seu perfil, os amigos contactados e as mensagens enviadas. Este tipo de "estratégia invasiva" pode conduzir ao "jogo do gato e do rato, em que o pai tenta saber o que o filho estava a fazer e o filho tenta ocultar o que estava a fazer", afirmou José Alberto Simões, sublinhando que é uma estratégia que levanta questões de violação de privacidade e quebra de confiança. Outro dado "importante", na opinião do investigador, é a conclusão de que os amigos não são procurados para ajudar nas questões de segurança (aqui são os pais a quem os filhos mais recorrem), mas é com os amigos que "é feita a discussão sobre esses temas", como sites de pornografia, por exemplo. Os factores socioeconómico e de género têm um papel fundamental na questão da mediação, pois são as raparigas e as crianças oriundas de estratos socioeconómicos mais elevados as que são mais "controladas".

Em Portugal, a "mediação técnica" - utilização de 'software' específico para restringir acessos - é a menos utilizada e a "mediação restritiva" - imposição de regras para a utilização da Internet - é a mais usada.

Fonte: DN Notícias (http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1776133)

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